Durante dois anos fiz parte de uma equipe de projetistas da filial nordestina de uma multinacional. A empresa, como é comum hoje em dia, era dividida em departamentos que se intercomunicavam em um mesmo ambiente sem paredes, dando livre acesso para todos os funcionários. Nosso grupo era bem unido profissionalmente e pessoalmente, e sempre fazíamos piada uns dos outros. Tudo com muito respeito, claro.
Assim como nos tempos de escola, um dos integrantes do grupo sempre era mais caçoado que os demais, virando ponto central de deboches e brincadeiras que terminavam em gargalhadas do grupo nas horas de intervalo ou mesmo no pós-expediente.
Sempre que era zombado, esse integrante falava uma frase em tom de ameaça irônica: “Lembre-se que a vida é um pé de manga! Um dia você manga de mim, amanhã eu mango de você”. “Mangar” é uma expressão usada em alguns estados nordestinos que tem o mesmo significado de zombar ou caçoar para as demais regiões do Brasil.Deixando o lado engraçado da história, lembro-me de como somos “mangados” nessa vida por não darmos conta de uma coisa muito importante em um contexto mais amplo: o networking. A gente sempre pensa nessa palavra quando estamos dentro de uma empresa, geralmente relacionada a nossos pares profissionais, mas esquecemos que o networking é polivalente e pode ser aplicado a praticamente qualquer ser vivo, em qualquer fase da vida.
Da faculdade, lembro-me de um colega de turma que integrou a equipe de um trabalho de Topografia do qual ele simplesmente não colaborou. A parte que cabia a ele foi diluída para o restante do grupo. Todos tinham seus estágios, dificuldades em casa e em outras matérias, mas, no final, o trabalho deu certo. Anos depois, quando eu já trabalhava naquela empresa inicialmente citada, houve um processo seletivo com dois finalistas e o meu chefe me pediu um voto de Minerva. Um dos candidatos era justamente o colega de sala que prejudicou o trabalho de Topografia.
Não tive dúvidas. Optei pelo outro candidato. Vingança? A princípio poderia até parecer, mas se analisarmos o contexto profissional, como poderia contar no ambiente profissional com uma pessoa que já demostrou um dia que não tem capacidade de trabalhar em grupo? Foi esse o pensamento que usei.
Eu teria diversos exemplos que poderiam ser aplicados, tanto positivos quanto negativos e tenho certeza que você, ao ler essa história, deve ter se lembrado de algum que ocorreu na sua vida, pois é assim que acontece. Como dizia a sabedoria da vovó: “Seja bom com o mundo que o mundo será bom com você”, ou, como na minha antiga equipe de trabalho: “A vida é um pé de manga…”!
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